sexta-feira, 30 de julho de 2010

É Proibido Baixar

Não, nem direito ao livre entretenimento temos mais. Estamos literalmente cercados por todos os lados. Por um lado temos nossos patrões (Governo ou empresas privadas) que nos pagam miseravelmente mal a ponto de economizarmos o dinheiro sagrado da cerveja que acompanha o futebol. E para economizarmos ainda mais dinheiro tentamos cortar gastos, por exemplo: para quê comprar aquele disco do David Bowie que não custa menos do que R$ 30,00, se eu posso muito bem baixar pela internet? O mesmo acontece com filmes, por que um pai de família que ganha um salário mínimo gastaria pelo menos R$ 50,00 para levar a família inteira para assistir aquele filme se ele pode muito em comprar o filme por R$5,00 nos camelôs do Brasil inteiro?

Por essas e outras a indústria fonográfica faz de tudo para não fechar as portas. Por essas e outras somos obrigados a assistir propagandas antipirataria antes de nos embriagarmos no mundo mágico do cinema (mesmo, que o cinema seja em casa). Por essas e outras o termo “pirataria” foi utilizado para denominar essa ação de Copyleft. Por sinal, Copyleft é um movimento cultural cujo objetivo é retirar as barreiras à utilização, difusão e modificação de uma obra fazendo oposição direta ao tradicional Copyright.

Com todos esses movimentos e a facilidade de acesso a informação que a internet nos proporciona o descompasso irracional das empresas multimilionárias só faz aumentar. Logo tentam nos fazer acreditar que a pirataria de filmes, músicas e afins é diretamente responsável pelo tráfico de drogas, armas e pela crescente onda de assaltos, violência e marginais. Outro dia, tentei baixar uma legenda de filme no site www.legendas.tv e eles estavam foram do ar. Por sorte descobri logo depois que eles saíram do ar por algumas horas propositalmente em protesto às dinossauras que tentam dominar o domínio público da internet e assegurar os seus direitos autorais ao lucro. A gloriosa comunidade do Orkut chamada Discografias foi retirada do ar diversas vezes, pois burlou a lei e compartilhou música e cultura de graça pela internet.

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O desespero das indústrias é tanto que outro dia vi na MTV, mas uma dessas bandinhas, ditas de rock'n'roll, chamada Fresno praticamente implorar para seus fãs comprarem seus discos em vez de baixarem. Mas acabo me questionando sobre qual é o verdadeiro sentido da arte: cultura ou dinheiro? E vamos pensar, a Internet proporciona o acesso às bandas e artistas que antes não teriam chance alguma no mercado já que as corporações fonográficas dominavam o mundo com seus artistas de meia pataca. Para citar é só lembramos do genial Tom Zé que ficou anos "exilado" do meio musical por não atender as formas medíocres do mercado. Logo, podem dormir despreocupados, pois não estão levando artista nenhum à falência.

A grande preocupação dessas dinossauras fonográficas é perder lucro e espaço na casa e nas cabeças das pessoas (todos nós) que fazem essa bola chamada Terra girar. A internet e o santo download nos libertaram da mediocridade cultural, agora somos nós que escolhemos o que ouvir, assistir ou ler, não são mais eles que escolhem por nós. Não quero aqui fazer um texto romântico de esquerda libertadora do proletariado alienado, nem estou tentando criar teorias da conspiração. Só venho aqui para ressaltar que assim como é nossa obrigação pagar impostos, temos todo direito de acessar cultura e de produzir cultura, temos sim direito à educação. Cultura e educação que nos têm sido cobertas pela cortina do mundo pop das ideologias efêmeras e comercializadas.


 Por Malu Cima




9 comentários:

  1. 1. Ninguém faz uma obra de arte sozinho. Mesmo que não queira, você foi influenciado por gerações e gerações de bach, beatles e beyonce. Sua arte não é só sua, porquê você deveria tê-la como "propriedade"?
    2. Tudo bem que menos dinheiro é injetado na produção de albums, por exemplo, mas os artistas não vão deixar de aparecer e serem ouvidos. É no mínimo inocência achar que a morte da indústria fonográfica é a morte da música.
    3. A arte é de todos e para todos. Eu tenho o direito de consumir o que quero sem ser comandado por corporações. As pessoas têm o direito de produzir a arte que querem e serem ouvidas pelas pessoas, semp recisar do intermédio de ratos de colarinho.

    "Pirataria", "indústria", "lucro"? Foda-se, a liberdade é maior que isso.
    E tenho dito.

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  2. a pirataria existe como uma forma de protesto para a diminuição nos preços de cds e dvds, certo, que pode sair caro a publicação de um dvd original, mas.. será que valea pena, para nós consumidores, pagar tão mais caro?

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  3. qual é o verdadeiro sentido da arte: cultura ou dinheiro?

    foda
    mas real.


    iruska nogueira

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  4. bem... acho que de certa forma, já vencemos...
    pra quem não sabe, o metallica sempre foi a banda que fez sucesso por processar os fãs que baixam música pela internet. sempre foram os maiores reacionários da coisa.
    o que passa? anos depois, viram que perderam a guerra e disponibilizaram shows pra download no site:
    http://www.livemetallica.com/catalog.aspx?doVault=1

    baixem à vontade. tem desde 1982 até 2009... ou seja: a carreira INTEIRA deles.

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  5. Bem Interessante o q Metalica fez!
    Pena que faltam posicionamentos como o dessa banda em nossa sociedade...
    Mas,sem dúvida é um avanço!E não dá para negar que Metalica é uma grande Banda!

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  6. Achei algo interessante que tem a ver com esse assunto.
    É algo que é apelidado como "Lei do Mickey".
    Leia mais sobre isso nesse artigo, é bem engraçado:
    http://webinsider.uol.com.br/2003/02/26/mickey-desabafa/

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  7. Meus olhos brilharam só de pensar na tal liberdade.

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