sábado, 11 de dezembro de 2010

Brincadeira de criança ...

Sempre que eu olho para essa criançada e pros pré-adolescentes não consigo não associá-los aos gremlins. Explico já o por quê. Vou começar perguntando o que danado está acontecendo com as nossas crianças e com a infância do século XXI propriamente dita.

Gente, de verdade, estou ficando preocupada. Não é raro ver essa pentelhada se agarrando por aí, se beijando de forma que nunca nem vi meus amigos mais libidinosos fazerem, e mal saíram das fraldas. Alguém me explica, por favor?
“O mundo está ao contrário e ninguém reparou” já cantava Cássia Eller e, devo concordar, ninguém reparou mesmo. Cada vez mais cedo, as meninas começam a se maquiar, gastar horas no cabeleireiro, se vestir como uma mini cocota e assim vai, só piorando. Os meninos, por sua vez, começam a xavecar as menininhas (que correspondem e acham o máximo já terem o seu “peguete”) e a agir como pequenos dons juan mundo afora. Eu vejo esse quadro todos os dias e só consigo me lembrar da minha infância, que nem foi há tanto tempo assim: meninas batiam em meninos, meninos azucrinavam as meninas, meninas e meninos corriam descalços brincando de esconde-esconde, pega-pega, polícia e ladrão… Quando acontecia de rolar aquela paquerinha, era um selinho e já era um alvoroço. A gente (eu e as crianças dos anos 90) corria, se sujava, ninguém ligava para cabeleireiro ou ficar bonita, impecável, queria mesmo era brincar, deixar a “tarefa de casa” pra depois, alguns fugiam do banho…Bons tempos, bons tempos.
O que eu acho mais engraçado nisso tudo é que alguns psicólogos incentivam essa busca pela vaidade, pois na cabeça deles, as crianças tentam se autoafirmar. Me pergunto: desde quando criança sente necessidade como gente grande de se autoafirmar? –Que fique bem claro, acho que toda criança merece respeito, cuidados e carinho, mas está exacerbada essa busca pela masculinidade e feminilidade por parte das crianças incentivadas por pais que pensam: “ Que bonitinho! Já tá agindo que nem gente grande! Cuti-cuti.” Sem mencionar a sociedade que insiste em vender imagens da garotinha e garotinho descolados, antenados com a moda… [ ¬¬’ ]
Essas crianças perdem a infância e o melhor tempo de suas vidas… é na infância onde valores são aprendidos, os traços mais marcantes da personalidade são formados, onde a criança passa a interagir com o mundo e a desenvolver pensamento crítico. Quais valores essas crianças, que insistem em enaltecer o culto à beleza, à sexualidade e todo o resto, estão aprendendo? Que tipo de mulheres e homens serão no futuro?
Voltamos aos Gremlins.
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Um pouco para relembrar a memória calejada dos amigos leitores: Gremlins é um filme americano de 1984 dirigido por Joe Dante e produzido por Steven Spielberg. Os Mogwais, que são criaturinhas cuti-cuti, vivem de acordo com algumas regras. As regras são:
• Ele (o Mogwai) não pode entrar em contato com a água;
• Mantenha-o longe da luz forte;
• Não importa o quanto ele chore, o quanto ele suplique, nunca, nunca o alimente após a meia-noite Caso as regras relecionadas aos Mogwais não sejam seguidas, as consequências são trágicas. Se os Mogwais se molharem, eles começam a se multiplicar, saindo bolotas das costas, similares a ovos.
Os Mogwais não gostam da luz forte, pois esta os irrita. A luz do sol pode matá-los!
A consequência da terceira regra é a mais horrível de todas: se os Mogwais alimentarem-se após a meia-noite eles encasulam-se, passando por uma metamorfose, transformando-se em Gremlins.
Gremlins são criaturas endiabradas, aterrorizantes, que têm uma risada sinistra e diabólica. Com sua inteligência, eles destroem casas e lojas, causam incêndios, explosões, acidentes no trânsito, matam pessoas. Embora destruam tudo o que vêem pela frente, são um pouco engraçados.
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Agora pense bem: não acontece o mesmo com as crianças?
Primeiro elas são fofíssimas, uma coisa de louco, capazes de mudar o mundo a sua volta, sempre energéticas e afáveis (a maioria, pelo menos). Mas se
não seguimos regras básicas, impondo-as limites, logo logo se transformarão em adultos sem senso crítico ou com um senso crítico de uma ameba, fúteis, egocêntricos e escravos de uma sociedade onde a inversão de valores está no auge.
Portanto, peço um favor:
Nunca, nunca alimente um Mogwai após a meia-noite.

Por Maggie Dawson

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