segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Sejam Bem Vindos ao Futuro

Quem nunca se perguntou: ‘de onde viemos’? Essa talvez seja uma das perguntas mais antigas que conseguimos formular, e com certeza é complexa demais para ser respondida por qualquer um de nós,
e possivelmente assim permanecerá pelas próximas gerações. Por outro lado, outras célebres indagações como: ‘quem somos nós’ e ‘para onde vamos’ - em se tratando de ciência e tecnologia - são perguntas que encontram teorias e explicações cada vez mais bem elaboradas. E estas, quando não respondem as perguntas que fazemos, pelo menos preenchem o espaço destinado à resposta.

Retrospectivamente, há algum tempo não se sabia praticamente nada sobre o que nos tornava humanos, ou pouquíssima coisa era (re)conhecida – a inteligência, a posição do polegar, o uso da linguagem escrita e/ou falada, etc. Hoje, a análise deixou de ser anatômica e subjetiva, passando ao nível molecular, através da comparação de nossos genes com os da demais espécies. Assim, o que se tem por certo é que somos o resultado de um aglomerado de “receitas” evolutivamente selecionadas, que foi sendo perpetuada e repassada ao longo dos anos. E como resultado de milhões de fórmulas diferentes para cada uma de nossas características – cor dos olhos ou calvice precoce – cada um de nós existimos, únicos.

Essas frações conhecidas que determinam nossa estrutura são os genes, unidades de nosso DNA, cuja codificação tem sido continuadamente melhorada, nos permitindo conhecer as regras do jogo do vida, em se tratando de código genético. Mas o que temos a ver com isso? Bom, já ouve um tempo onde tudo que fugisse do comum era considerado bruxaria – e muitos morreram queimados por causa disso. Com um pouco de civilização, deixamos de queimar nossos excêntricos pensadores, e passamos e considera-los loucos simplesmente. Afinal, em sã consciência, quem discordaria que a terra fosse quadrada?!


Assim, já foi loucura pensar em micróbios, e em outro dia era insanidade pensar na existência de antibióticos. Até mesmo as vacinas já foram condenadas e até existiram revoltas contra sua conturbada implantação. Mais recentemente, numa época não muito diferente da nossa, os transplantes de órgãos foram também considerados impossíveis, e continuamos evoluindo.

Nesse momento os céticos mais desinformados bradarão: “o câncer se mantêm sem cura e a AIDS sem solução definitiva, e também África continua pobre e faminta!”. Problemas sócio-políticos e econômicos à parte, mundialmente falando, as ciências da saúde vêm caminhando à largos passos, em conjunto com outras tantas áreas.

Mas tudo isso vocês já sabiam. O que talvez vocês não saibam é que estamos na iminência da clonagem humana, em termos técnicos, bem como também já somos capazes de criar novos tecidos a partir de uma única célula sadia. Além disso, talvez tão surpreendente quanto descobrir o fogo, de acordo com o mapeamento genético humano – Projeto Genoma - somos capazes de decifrar diferentes incógnitas de nossa vida.

Terei cabelos grisalhos com quantos anos? Tenho risco de desenvolver câncer? Ou mais, qual será o QI daquela criança de um mês de idade? Qual a altura, a cor da pele, ela desenvolverá alguma alergia com o tempo? Enfim, seremos capazes de prever o potencial futuro de nossos genes, seremos capazes de prever a vida!

Alguns mais ambiciosos ou preocupados se perguntarão: quando eu vou morrer? E essa resposta também será dada. Seu DNA dirá, por exemplo, que você morrerá aos 45 anos de câncer de intestino, mas isso não quer dizer que você não viverá o quadragésimo sexto ano de sua vida. Definitivamente não é esse tipo de informação que a engenharia genética tem a dizer. O que nos será oferecido é uma previsão probabilística de um risco maior de desenvolver diferentes enfermidades.

Assim, você pode ter um risco genético 30% maior do que o restante da população de morrer do infarto cardíaco - baseando-se apenas em seu genoma, por exemplo. Mas é claro que comer quilos de gordura, deixar de exercitar-se ou fumar desde os cinco anos complicará sua situação. Bem como o contrário o é verdadeiro. De modo que se seu DNA diz que você morrerá aos noventa e cinco anos de câncer de pulmão, não se anime, a primeira coisa a fazer não é uma aposentadoria privada, mas não fumar largar o cigarro.

Mas isso ainda é pouco, quando comparado ao nosso futuro. Especula-se que um dia sejamos capazes de escolher cada uma das características de nossos filhos – os olhos da mãe, o cabelo do pai; em se tratando do potencial de tratamento, seremos capazes de colocar células sadias no local de um câncer e ele ser eliminado; eliminar doenças genéticas ou repovoar um coração após um infarto e fazer com que ele volte ao estado normal, reconstruindo um novo coração sem a necessidade de procedimentos cirúrgicos perigosos.

Estaremos, enfim, cada vez mais próximos da eternidade e mais parecidos com deus. Mas você e eu estaremos mortos até lá.

por Dourado Santana

Um comentário:

  1. É ,sem dúvida sempre estamos nos questionando,mas as respostas demoram um bom tempo para surgir...
    Até lá ficamos só no mundo das suposições...

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