segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

"Bodysong? O que é isso?"

Na minha pasta de filmes, perdido. Tenho muitos, lembro de quase todos que baixei, mas alguns, que não assisti ainda, me escapam.

"Bodysong?".


Play. Desde os primeiros acordes, fui magnetizado. E eu, que tinha aberto o arquivo só pra saber do que se tratava, não fechei quando vi, nos letreiros iniciais, o motivo de eu ter baixado: Johnny Greenwood, guitarrista do Radiohead, tinha feito a trilha sonora. Lentamente as imagens foram aparecendo. Imagens de gente. Adianto que o filme inteiro é só isso. Uma trilha sonora fantástica e imagens de gente. Mas comecei a assistir sem pretensão e não consegui mais desgrudar, só lá para os 20 minutos é que percebi que estava preso e então desliguei a luz do quarto.

Inicialmente, imagens de concepção. "É sobre o corpo humano". E logo após, imagens de grávidas. "É sobre gravidez". Mas logo passa para as crianças nascidas. "É sobre infância, certamente". E maiores. "É sobre crescer, certamente". E o filme ia, as proporções foram crescendo e eu fui arrebatado por algo que não esperava ver: um filme que me tocou profundamente. Sobre o que é ele ainda é difícil de dizer. É sobre a vida. Sobre os seres humanos. Sobre mim. O filme é sobre mim. Sobre você, eu vi você, lá.

Não é o melhor filme que já assisti na minha vida, isso devo salientar muito bem. Nem mesmo naquele dia (o meu filme predileto daquele dia foi "O segredo de seus olhos")! Mas, por algum motivo estou escrevendo sobre Bodysong, não sobre o meu filme predileto da vida, ou do dia... Sem nenhuma palavra, só a batuta genial e tocante de Greenwood e imagens cômicas, bonitas, horrendas, estranhas, de seres humanos no que concerne tudo que rodeia a sua vida. Gente de todos os cantos do mundo, de todas as épocas. Culturas diferentes, pensamentos diferentes. Gente bonita e gente feia, se é que depois de assistir um filme como esse é possível ainda chamar alguém de feio. Vídeo bem feito, vídeo caseiro. Preto e branco, colorido. Cozinheiros, gays, velhos, tios, gênios, anões, muçulmanos, índios, ricos, estavam todos lá, sem dizer uma só palavra... Os fragmentos daquelas vidas de verdade (mesmo que estivessem encenando), sendo mostrados para você como um compêndio da humanidade, e sem uma palavra sequer. Quem fala é você. Quem constrói é você. Quem dá o seu valor é você. Quem interpreta é você. Mas nem sempre, diante da imagem do ser humano, desnudo, dissecado, é possível ter uma interpretação diferente de que ele, no fim das contas, é lindo.

"Não é meu filme predileto", eu digo, mas o que é? Porque estou aqui falando dele? Porque eu chorei nele, e não com "O segredo de seus olhos"? Final de resenha a gente tem que qualificar quantificar, às vezes dar uma nota, ou uma quantidade de estrelas. Como adjetivar um filme desses? Que nota se dá para um filme desses?

Nenhum de nós se aventurará a responder quando perceber que no fim das contas é quase a mesma pergunta de "quantas estrelas você dá ao ser humano?".

Por Moai

5 comentários:

  1. Vou aceitar a dica e assistir! Parbens pelo textos mais uma vez...como sempre seus textos são maravilhosos, mas meu predileto continua sendo "O quarto", sempre "o quarto"...Parabens!

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  2. eu ja assisti o filme, e concordo: é de fuder!

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  3. O 10temidos tá cada vez melhor !

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