sexta-feira, 11 de março de 2011

A Revolução Sexual de Berlusconi

Ele era elegante, de terno e gravata, sapatos brilhando. Ela, só uma menina tentando ganhar a vida, bonita, mas de caráter duvidoso.
Não demorou muito até o primeiro ministro italiano cair nos dotes da marroquina Karima El Mahroug, mais conhecida por Ruby.

Berlusconi se envolveu sexualmente com a moça, quando ela ainda era menor de idade. Algum tempo depois, a menina marroquina envolveu-se num roubo que a levaria presa. Berlusconi, homem atencioso e preocupado, entrou em ação: ignorando a conduta moral e as leis italianas, interviu no caso de Ruby e o roubo de $3000 libras, do qual estava sendo acusada, alegando ser a jovem sobrinha do então presidente egípcio Hosni Mubarak. Bonzinho que é, a fim de evitar um conflito diplomático, solicitou à polícia de Milão que a deixasse sob os cuidados de Nicole Minetti, conselheira regional do partido de Berlusconi.

Fato é que não há crime perfeiro, meus caros, não importa o grau da infração cometida, sempre, sempre alguém descobre e “buemba!”. E foi o que aconteceu. Após escutas telefônicas e depoimentos de testemunhas, tudo ficou escancarado a quem quisesse saber.

‘Rubygate’ é o terceiro caso, conhecido-diga-se de passagem-de envolvimento do premiér italiano em festas regadas à dinheiro, jóias e prostitutas. Embora ele alegue que tudo isso não passa de uma conspiração de esquerda para desmoralizá-lo e tirá-lo do poder, agora, nem os setores mais conservadores da Itália, como o Vaticano e a Confederação das Indústrias (Confindustria) o apoiam, e, ainda mais, o criticam.

Temendo pela desmoralização da Itália frente ao cenário mundial, Anna Finocchiaro, do Partido Democrata, exigiu a saída de Berlusconi. À esse pedido, seguiram-se tantos outros e agora ainda mais fortes.

Berlusconi envergonhou o país em forma de bota e colocou em voga a questão do moralismo sexual. Movimentos ‘anti-Berlusconi’ explodiu em mais de 350 cidades italianas. Encabeçada por mulheres, e com o apoio masculino, mais de 500 mil pessoas foram às ruas reivindicar a queda do premiér italiano do poder. Manifestações similiares seguiram em outros países como Japão, França, Espanha, Estados Unidos. Na internet, surgiu o movimento “se não agora, quando?” dando maior força às intenções do povo italiano. Desvinculado de qualquer politicagem, eles não levantam bandeira, apenas querem a dignidade para todas as mulheres. O protesto também têm a intenção de chamar atenção sobre as dificuldades da mulher italiana e reivindicar seu direito de trabalhar, ter ajuda (creches, jornadas de trabalho menores) caso queira ter filhos e fim das discriminações. Mensagens como "Não me chamem de prostituta, sou uma escrava" eram vistas em cartazes por todas as cidades. Além de uma enorme faixa rosa pendurada no alto de um prédio pedia “um país que respeite todas as mulheres”.

A Itália sente-se desmoralizada perante às ações de Berlusconi, e as mulheres anseiam para que o mundo não as veja como as prostitutas do primeiro ministro, e, sim, como mulheres dignas, de respeito, que trabalham honestamente para levar uma vida boa. Nem sempre fácil, mas boa.

Por Maggie Dawson

2 comentários:

Related Posts with Thumbnails