terça-feira, 12 de abril de 2011

Tinha uma Pedra ...

Tinha uma pedra no meio do caminho, no meio do caminho tinha uma pedra. Ainda assim ela sorria para mim de canto de boca, como se pensasse: aqui você não passa!
Era do tamanho de um punho fechado, avermelhado e com algumas pontas.


Onde apenas havia uma, várias outras surgiram. Elas me cercavam, enclausurando-me em meu espaço, olhando-me de forma gélida, pálidas. De certo modo um medo tomou conta e me escorei na árvore esperando que elas fossem embora, mas não foram e não iriam embora, estavam ali sussurrando meu nome e seus sussurros eram como melodias traiçoeiras. Então comecei a sentir a árvore que me recostei, deleitando-me com o frescor de sua sombra afago, quase me esquecendo do pavor que a pouco tomara conta de mim.

A planta foi me seduzindo, me conquistando, me fazendo sentir aconchegado e então sinto que estou caindo, estou me distanciando da luz, do terror. Olho para os lados, mas tudo que vejo são paredes aneladas de uma espécie de túnel, e quando já não mais existia a luz lá de fora pontos de luzes surgem e começam a me seguir, fazendo um desenho cósmico e luminoso em um nada onde somente eu existo. as luzes se aproximam de mim em determinado momento e sinto-me envelhecer e sinto o toque frio toque da morte me acariciar, mas também sinto minha pele e minha vontade rejuvenescer. Vejo minha vida através de cores e luzes e a queda me pergunta o que eu quero. Eu não respondo em voz alta, somente fecho os olhos e penso.

Abro os olhos, mas só consigo enxergar o breu. A queda parou. Estou recuperando a visão, mas vejo tudo em um tom cinzento e Aquarelado. A mesma paisagem de antes da viagem, porém num tom nostálgico e monossilábico. Então eu a percebo com seu riso sereno e olhar inquieto, ela se aproxima e, de repente, se afasta. De forma insegura, indomada, a sigo pé ante pé em um mundo desconhecido por tudo, tento lhe falar, mas a minha voz parece ecoar somente em minha cabeça. Entre folhas e espinhos, luzes e escuridão a perco e me reencontro.

A neblina começa a se dissipar, as paredes do meu quarto tomam suas dimensões naturais. Deitado ao lado da minha cama está meu cachorro ainda não voltou da Aquarela. Talvez ele tenha inalado muito. Em cima da mesa, ao lado da Tinta derramada na folha de caderno e sobre um prato ainda em estado de semi-torpor, lá está ela. Vermelha, brutalmente esculpida em argila pelas minhas mãos cegas.

Por Lima Limão

6 comentários:

  1. Quantas pedras não aparecem em nosso caminho...

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  2. alucinação. se não fossem vermelhas diriam que são pedras de crack.

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  3. http://en.wikipedia.org/wiki/Lysergic_acid_diethylamide

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  4. aparecem umas e você se livra delas, e depois aparecem outras...kkk pedras no caminho a vida toda, quem sabe n é essa justamente a graça?

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