segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Brumas


Brumas: como se tornar ou tornar um “ser” em estado gasoso que ocupa determinado espaço em determinado momento.

Acordar é uma tarefa difícil, até para aqueles que não gostam de dormir.

Abri os olhos às 06:12 da manha, e a primeira coisa que vi foi um tufo de cabelo meu e uma mancha de baba no travesseiro. Curiosamente, não sei se pelo sono ou por que diabos ali não estavam apenas cabelos, pois tinha certeza que ouvi dizerem “Adeus”.

Acordei novamente e dois minutos haviam-se passado e quando se abriram nada vi além de um anuviado, como se uma espessa camada de neblina pairasse na superfície de meus olhos. A cada piscadela, por um brevíssimo momento conseguia ver com nitidez o ambiente em que estava, de modo que logo após a neblina novamente oprimia minha visão. E assim, piscando incessantemente, passei metade da minha manhã.

Botei colírio, soro fisiológico e nada até que pensei que aquela sensação não iria tardar em passar.

Até o final do dia não sai de casa e não soltei uma palavra. Preferia dormir naquele momento, contudo além da visão anuviada havia uma inconveniente sensação de areia no olho a cada vez que meus olhos permaneciam fechados por mais que alguns segundos. Resumindo, ou eu ficaria de olhos abertos e sem ver quase porra nenhuma ou sairia na rua num pisca-pisca frenético e com olhares de “olha que maluco” ou” olha, que coitadinho”.

Chutar a quina do pé da cama com o dedo mindinho foi o primeiro sinal divino do meu organismo pra pronunciar minha primeira e nada delicada palavra do dia... Buce... . Eu via as letras, uma a uma desaparecendo dentro da neblina e meus lábios se movimentavam sem emitir nenhum som.

Enfim, esperei o dia passar, cumpri com todos os compromissos inadiáveis e que poderiam ser feitos em casa. Até arrisquei um bom dia ao rapaz que trouxe meu yakissoba pro meu jantar. Coloquei um óculos escuro e o atendi na base pisca alerta. Genial! Óculos escuros.

Mas foi e é só. Está decidido que amanhã irei a um oftalmologista. Talvez um problema seja realmente sério, não se sabe. Na verdade não sei como ainda consigo. Meus olhos estão cansados, a pálpebra pesada, mas terminarei este parágrafo. As piscadelas estão ficando mais espaçadas e estou começando a ver as letras do teclado sambarem ao som de “On the run” do Judas. Meu celular está tocando. É minha namorada, tenho que atender. Ela está achando que o telefone está mudo. Vai desligar.

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