A primeira vez que eu vi o moleque foi na MTV.
Tava ele, um cara no violão, 2 no backing vocal, e ele cantando uma música até legalzinha, ao vivo, num programa desses dos estados unidos. Lá pro meio da música ele levanta, vai um pouco pra frente, faz um mini moonwalker, daqueles de lado, volta e senta.
Pensei: "Até que é bonitinho".
A segunda vez que eu vi o moleque foi, novamente, na MTV. Era um clipe. Todo emperequetado, cabelinho emo, roupinha estilizada, maquiagem até no toba, aquele capuz medonho, aquelas poses ensaiadas de "eu sou gostosão, me adore", e estrelando um clipe "featuring" o rapper Ludacris. Fake e poser eram as palavras perfeitas pra descrever aquilo.
Pensei: "Que é que estão fazendo com o guri, meu deus?".
A terceira vez foi uma experiência que tento esquecer. Fui na sala de computação chamar meus alunos. Os meninos, entediados sem ter o que fazer. As meninas, monopolizando os dois únicos computadores do lugar, juntavam-se num enxame e assistiam o clipe da música mais famosa dele. E a expressão no rosto delas foi uma das coisas mais tenebrosas que eu já tive o desprazer de vivenciar. Minhas alunas (tenho muito carinho por meus alunos, devo dizer) de nove anos de idade, boca entreaberta, corpo teso, respiração alterada, e nos olhos que malmente piscavam brilhava algo que, a contragosto, tive que identificar como li-bi-do.
Pensei: "O que é que ESSE PIRRALHO está fazendo com minhas alunas?".
Só lembro e me assombro com o fato de quem minha mãe menstruou com 16 anos, eu, com 14, e a média atual (antes de Justin Bieber) da menarca, como se chama a primeira menstruação, é de 12,8; podendo ocorrer até aos oito anos de idade.
Claro, a menarca é apenas um símbolo. Mesmo se imaginarmos que essa precocidade é algo natural da evolução humana, ou que é muito mais influenciada pelos hormônios que vêm de brinde nos frangos que consumimos do que pela cultura pop e as novelas, ainda sobra todo o fenômeno, impossível de se esconder, que a infância, ou parte dela, está sendo suprimida. Os meninos e meninas crescem (e desejam crescer) mais rápido. Enquanto minha mãe brincava de boneca até depois dos já citados 16 anos, eu, antes disso, brincava no quintal escondida, para não parecer imatura. Magina, uma menina dessa idade fantasiando por aí! Peruas no Jornal Hoje falam orgulhosas que as suas filhas pré-debutantes vão com elas para o salão de beleza, maquiam-se, não vivem sem blush e rímel. "É bom, né? Elas já estão aprendendo a se cuidar desde cedo". Ficam parecendo Frankensteins ambíguos: pose e cara de velha, corpo sem curva e peitinho de ervilha. E isso, meus caros, não se trata de um "desenvolvimento natural" da espécie humana. Se os seus filhos, suas crianças estão por aí usando pulseirinhas do sexo, acreditem, a culpa não é da pulseirinha.
Fugindo do assunto menstruação, mas pegando a carona do assunto "Justin Bieber", devo pensar também que ele não passa de um adolescente alienado americano delirante com o sucesso, mas é símbolo de um movimento gigantesco da indústria fonográfica que, lutando para não morrer com o advento da internet e do download pirata, está matando a música pop e substituindo-a por projetos visuais.
As letras do moleque são bobocas (a letra de "baby" repete a palavra "baby" 47 vezes em 3 minutos e 45 segundos), a música em si não tem nada de novo, mas é uma criança de 16 anos vestidinho de rapper e fazendo o moonwalker! Lady Gaga não apresenta absolutamente nada de novo à música, apenas repete modelos de sucesso da música pop (Maddonna?) e dance americana, mas é uma mulher com uma roupa medonha simulando suicídio em pleno palco! Os retardados (opa, desculpa). Os meninos especiais da Restart são uma cópia do Blink 182 com letra de abertura de malhação, mas oh, meu deus, que fashion esse óculos estranho que o menino descabelado usa!
Não importa a porcaria que você faz, o importante é que seja bonito, cool, antenado. Não importam suas morais, importa é parecer ser alguma coisa. Não importa o fim do mundo, Miley Cyrus vai lançar um disco novo. Não importa que Bella não vai ficar com Edward e...
DIOS MIO! BELLA NÃO VAI FICAR COM EDWARD?!
Por Cassandra
Pensei: "Até que é bonitinho".
A segunda vez que eu vi o moleque foi, novamente, na MTV. Era um clipe. Todo emperequetado, cabelinho emo, roupinha estilizada, maquiagem até no toba, aquele capuz medonho, aquelas poses ensaiadas de "eu sou gostosão, me adore", e estrelando um clipe "featuring" o rapper Ludacris. Fake e poser eram as palavras perfeitas pra descrever aquilo.
Pensei: "Que é que estão fazendo com o guri, meu deus?".
A terceira vez foi uma experiência que tento esquecer. Fui na sala de computação chamar meus alunos. Os meninos, entediados sem ter o que fazer. As meninas, monopolizando os dois únicos computadores do lugar, juntavam-se num enxame e assistiam o clipe da música mais famosa dele. E a expressão no rosto delas foi uma das coisas mais tenebrosas que eu já tive o desprazer de vivenciar. Minhas alunas (tenho muito carinho por meus alunos, devo dizer) de nove anos de idade, boca entreaberta, corpo teso, respiração alterada, e nos olhos que malmente piscavam brilhava algo que, a contragosto, tive que identificar como li-bi-do.
Pensei: "O que é que ESSE PIRRALHO está fazendo com minhas alunas?".
Só lembro e me assombro com o fato de quem minha mãe menstruou com 16 anos, eu, com 14, e a média atual (antes de Justin Bieber) da menarca, como se chama a primeira menstruação, é de 12,8; podendo ocorrer até aos oito anos de idade.
Claro, a menarca é apenas um símbolo. Mesmo se imaginarmos que essa precocidade é algo natural da evolução humana, ou que é muito mais influenciada pelos hormônios que vêm de brinde nos frangos que consumimos do que pela cultura pop e as novelas, ainda sobra todo o fenômeno, impossível de se esconder, que a infância, ou parte dela, está sendo suprimida. Os meninos e meninas crescem (e desejam crescer) mais rápido. Enquanto minha mãe brincava de boneca até depois dos já citados 16 anos, eu, antes disso, brincava no quintal escondida, para não parecer imatura. Magina, uma menina dessa idade fantasiando por aí! Peruas no Jornal Hoje falam orgulhosas que as suas filhas pré-debutantes vão com elas para o salão de beleza, maquiam-se, não vivem sem blush e rímel. "É bom, né? Elas já estão aprendendo a se cuidar desde cedo". Ficam parecendo Frankensteins ambíguos: pose e cara de velha, corpo sem curva e peitinho de ervilha. E isso, meus caros, não se trata de um "desenvolvimento natural" da espécie humana. Se os seus filhos, suas crianças estão por aí usando pulseirinhas do sexo, acreditem, a culpa não é da pulseirinha.
Fugindo do assunto menstruação, mas pegando a carona do assunto "Justin Bieber", devo pensar também que ele não passa de um adolescente alienado americano delirante com o sucesso, mas é símbolo de um movimento gigantesco da indústria fonográfica que, lutando para não morrer com o advento da internet e do download pirata, está matando a música pop e substituindo-a por projetos visuais.
As letras do moleque são bobocas (a letra de "baby" repete a palavra "baby" 47 vezes em 3 minutos e 45 segundos), a música em si não tem nada de novo, mas é uma criança de 16 anos vestidinho de rapper e fazendo o moonwalker! Lady Gaga não apresenta absolutamente nada de novo à música, apenas repete modelos de sucesso da música pop (Maddonna?) e dance americana, mas é uma mulher com uma roupa medonha simulando suicídio em pleno palco! Os retardados (opa, desculpa). Os meninos especiais da Restart são uma cópia do Blink 182 com letra de abertura de malhação, mas oh, meu deus, que fashion esse óculos estranho que o menino descabelado usa!
Não importa a porcaria que você faz, o importante é que seja bonito, cool, antenado. Não importam suas morais, importa é parecer ser alguma coisa. Não importa o fim do mundo, Miley Cyrus vai lançar um disco novo. Não importa que Bella não vai ficar com Edward e...
DIOS MIO! BELLA NÃO VAI FICAR COM EDWARD?!
Dica: “Pequeno Cidadão”, disco de Arnaldo Antunes, Edgard Scandurra, Antonio Pinto e Taciana Ribeiro. É para nossa geração o que o disco de Vinicius de Moraes foi para os nossos pais: Música de qualidade para os filhos. Para crianças de zero até... Minha idade.
Por Cassandra
CN
ResponderExcluirCaracas esse texto lembra o meu sobre febres adolescentes!
Otimo texto equipe dos 10temidos!
Uma coisa é certa Justien bieber ta fora de moda!
Parabens.
"Não importa a porcaria que você faz, o importante é que seja bonito, cool, antenado" e eu acrescentaria "E FRESCO"
ResponderExcluirgostei do texto puxa vida
baby baby baby (mais 44 vzs). Volktei, dá uma passada de vez em qdo. Todos vcs.
ResponderExcluirbesos
O texto tá muito bom!É uma pena que muitas vezes o que é valorizado como música ou seja aplaudido por muitos seja um baby,baby repetido 44x!Lembra até um rebolation né?!
ResponderExcluireu ODEIO essa geraçao teen
ResponderExcluir*e mesntruei com 13
*e brinquei ate meus 16 anos
(21:46):
*e brinquei de barbie até 14
*e so beijei na boca com 17
*eu vivi intensamente minha infânciaaaaaaaaaaaaaaaaaaa
*n pulei etapas
*mas gosto das roupas q lady gaga q sao inovadoras, mas isso n quer dizer q eu goste da musica dela
*oq alias, pop pra mim é e sempre será madonna ( de mulher )
Fuck the System
ResponderExcluirO show do Pequeno Cidadão é o foda dos fodas.
ResponderExcluirEu penso nas proximas gerações, que não terão como escapar dessa cultura de massa altamente superficial e cada vez mais futil.
ResponderExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirsem comentário sobre esse boboquinha..
ResponderExcluirvide bula
http://10temidos.blogspot.com/2010/07/historia-de-ziggy-stardust.html
Muito bom!
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