sexta-feira, 28 de maio de 2010

Série Gripe A H1N1 - Parte 1 O vírus, a infecção e a resposta imune.


Tomando como verdade que todos se interessam por sua saúde, e tendo em vista os recentes comentários a cerca da ‘campanha de vacinação contra a Influenza A H1N1’, este texto trás um apanhado geral sobre o mecanismo de ação desta tão afamada e temida doença.
No entanto, antes de analisarmos a gripe A, faz-se necessário o entendimento do mecanismo da infecção viral. Assim como quais são as diferenças entre esta e a “gripe comum”, aquela a que já estamos acostumados a conviver, principalmente durante o inverno.
Pensando nesses motivos, este texto foi esquematicamente dividido em três partes. De forma a deixar a leitura mais interativa, e didaticamente mais eficiente. Esta, a primeira: ‘o vírus, a infecção viral e a resposta imune’. A segunda: ‘gripes e resfriados’, que diferencia estas duas doenças. Por fim, a terceira: ‘influenza A H1N1 e a vacinação’, trata exclusivamente deste subtipo de gripe e sua vacina.
O vírus, a infecção e a resposta imune.
Virtualmente, as células são auto-suficientes e reproduzem-se de maneira ininterrupta, desde que haja o suprimento adequado de nutrientes. Dos alimentos são retirados a energia e os substratos (tijolos); a energia é então convertida e armazenada, para que possa futuramente ser usada nos eventos biológicos; já os substratos selecionados são usados na permanente reconstrução de nosso corpo. Assim, o anabolismo (quebra) e o catabolismo (construção) se equilibram para que o metabolismo fisiológico (funcionamento normal) se processe e possamos permanecer sadios.
Tanto as células de organismos unicelulares quanto as de pluricelulares apresentam duas macroestruturas que sedimentam a vida: o material genético e as organelas. O material genético (DNA ou RNA) é um componente celular complexo, cuja função principal é armazenar a “receita” da síntese dos constituintes da célula. Este armazenamento é realizado por meio de uma seqüência codificada de bases, os nucleotídeos. Já as organelas são a maquinaria celular e apresentam funções distintas, possibilitando seu funcionamento. São as responsáveis pela síntese de compostos celulares, quebra de macromoléculas, assim como pela liberação da energia. Dessa forma, o ciclo celular é mantido.
Diferentemente das células, os vírus não apresentam as organelas necessárias à manutenção da vida. Logo, são invasores dependentes, uma vez que necessitam das estruturas de uma célula hospedeira para completar seu ciclo reprodutivo - utilizam-se da célula invadida. Basicamente, as estruturas presentes nos vírus são: o material genético, que é introduzido no hospedeiro; e uma cápsula protéica que reveste e protege o material genético. Como será abordado mais tarde, é esta cápsula que confere a especificidade de invasão, característica singular a cada vírus.
De maneira sucinta, a sucessão de eventos através do qual um vírus entra em contato com um indivíduo e o invade caracteriza a infecção. O organismo é então exposto a corpúsculos (também substratos) que lhe são estranhos – os antígenos. Evento esse que desencadeia uma resposta imunológica. No entanto, esta invasão não é dada ao acaso, ela ocorre de modo especifico e gradual. A partir desse ponto, entram em cena nossas células de defesa – que fazem parte de nosso sistema imune. Este é o mecanismo que dispusemos para barrar a progressão de uma invasão.
A invasão pode evoluir, a princípio, de duas maneiras: pode ser interrompida ainda neste estágio inicial, evoluindo para uma cura assintomática, não caracterizando a infecção, mas sim uma invasão. Ou evoluir para um estado doentio, quando a infecção toma maiores proporções, quando um determinado tecido ou órgão tem seu funcionamento comprometido. Daí instala-se a doença.
Retomando, ainda durante a infecção viral, a maquinaria celular deixa de responder às funções celulares e passa a ser comandada apenas pelo material genético intruso, no caso, do vírus. Ocorre nesse momento a síntese das estruturas específicas ao invasor, em detrimento da necessidade celular, o que pode levar a morte celular. Este é um dos motivos do adoecimento.
Em se tratando de nossa resposta imune, ela depende do reconhecimento das estruturas do vírus. Este evento pode ocorrer de até três maneiras, tanto pela fagocitose do vírus propriamente dito, quanto pelo contato com proteínas especificas do vírus e estranhas ao organismo, que são liberadas junto com a destruição da célula invadida. A continuação da invasão evolui ainda para a liberação de substancias sinalizadoras para a circulação, que são produzidas tanto pelas células invadidas, como pelo tecido circunvizinho, o que caracteriza a terceira maneira de reconhecimento. Este é o mecanismo pelo qual se atrai ainda mais células de defesa numa nova tentativa de conter a evolução do processo infeccioso. Sem delongas, é por meio do reconhecimento de substratos estranhos que se processa a resposta imunológica.
Para concluir esta primeira parte, e não deixar o texto muito cansativo e/ou técnico. É interessante saber ainda que, no caso da resposta imunológica de ação específica, o fato de já havermos entrado em contato com tais antígenos, torna a resposta mais especifica e eficiente Este é um dos princípios da vacinação e a explicação porque não contraímos algumas viroses mais de uma vez na vida, como o sarampo, por exemplo.

Por Dourado Santana

2 comentários:

  1. Puta que pariu esses caras são FODA!!!
    kakakkakakkaka

    Muito massa o texto!
    É prático....

    Adonys

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  2. Gostei do texto!Conseguiu sintetizar o mais importante do assunto!Parabéns!
    Espero as outras partes!

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